Um estudante queria convidar a sua bem amada para dançar, mas ela recusou, dizendo que apenas aceitaria se ele trouxesse uma rosa vermelha. Só que no sitio onde o estudante vivia, as rosas eram todas amarelas ou brancas.
O rouxinol escutou a conversa. Vendo a sua tristeza decidiu ajudar o pobre rapaz. Primeiro, pensou em cantar algo bonito, mas de imediato concluiu que seria muito pior - além de estar sozinho, o rapaz ficaria melancólico.
"Ele sofre por amor. Precisa de encontrar uma rosa vermelha."
"Que ridiculo, sofrer por amor", respondeu a borboleta
Mas o rouxinol estava decidido a ajudá-lo. No meio de um imenso jardim havia uma roseira, repleta de rosas brancas.
"Entrega-me uma rosa vermelha, por favor."
A roseira respondeu que era impossivel, que devia procurar uma outra - uma roseira que antes tinha rosas vermelhas, mas que se haviam tornado brancas.
O rouxinol fez o que lhe fora sugerido, levou-o para longe e encontrou a velha roseira.
"Preciso de uma flor vermelha", pediu.
"Estou velha demais para isso.", foi a resposta. "O inverno congelou as minhas veias, o sol desbotou as minhas pétalas."
"Uma apenas", implorou o rouxinol. "Deve haver uma maneira!"
Sim, havia uma maneira mas era tão terrivel que ela não ousava dizer.
"Deves voltar aqui durante a noite e cantar-me a mais bela melodia que os rouxinois conhecem, enquanto pressionas o teu peito contra um dos espinhos.
O sangue subirá pela minha veia e tingerá a rosa."
E foi assim que o rouxinol fez naquela noite, convencido que valia a pena sacrificar a sua vida em nome do amor. Mal apareceu a lua, ele cravou o seu peito contra o espinho e começou a cantar. Primeiro cantou sobre um rapaz e uma rapariga que se apaixonam. Em seguida cantou sobre o amor justifica qualquer sacrificio. E assim, quando a lua atravessava o céu o rouxinol cantava e a mais bela rosa da roseira ia sendo tingida pelo seu sangue e transformando-se.
"Tens de ser mais rápido", disse a roseira a determinada altura. "O sol nasce daqui a pouco."
O rouxinol apertou o peito ainda com mais força, e, nesse momento, o espinho atingiu o seu coração. Mesmo assim ele continuou a cantar, até que o trabalho estivesse completo.
Exausto, sabendo que estava prestes a morrer, colheu a mais bela de todas as rosas vermelhas e foi entregá-la ao estudante. Chegou à sua janela, depositou a flor e morreu.
O estudante ouviu o ruido, abriu a janela e deparou com o que mais sonhava no mundo. estava a amanhecer; ele pegou na rosa e correu até casa da amada.
"Aqui está o que me pediste", disse, transpirado e contente ao mesmo tempo.
"Não era exactamente o que eu queria", respondeu a jovem. "É grande demais e ofuscará o meu vestido. Além disso, já recebi outra proposta para o baile desta noite."
Desesperado, o rapaz foi-se embora e atirou a rosa para a sarjeta, que foi imediatamente esmagada por uma carruagem que ia a passar. E voltou para os seus livros, que jamais lhe tinham pedido aquilo que não conseguia dar.
"Oscar Wilde"
Nenhum comentário:
Postar um comentário